Tuesday, September 24, 2013

Estava deitado no fundo da lagoa olhando para o céu. Ao meu redor a escuridão era plena. Mas a água era tão cristalina e os astros tão brilhantes, que sem dificuldades eu via o padrão impossível em que as estrelas estavam dispostas. Equidistantes, pareciam formar círculos sobrepostos onde a circunferência de um passava pelo ponto central dos outros. Preenchiam toda a extensão do campo visual. Não haviam sinais da Lua, que momentos antes estava por ali. Nem sinais de que algo pudesse ser alterado enquanto eu não fechasse os olhos. Livre do meu olhar, o mundo poderia mudar para um arranjo que me parecesse natural.

Nessa nova natureza a Lua seguiria exibindo sua inconstância num céu de constelações refeitas.

Mas o sentido parecia se esconder longe da influência das marés.

Talvez ali no lodo da lagoa. Bem no fundo.

Era preciso fechar os olhos com serenidade.

Compreender a escuridão sem pensar nela. 

E deixar que eles se abrissem como quando acordamos antes de perceber que acordamos.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home